sexta-feira, 6 de julho de 2012

PEDRO BIAL: ha vida pós bbb


“É viado, bicha ou homossexual?”. Foi assim, sem meias palavras, que Pedro Bial deu início ao “Na Moral”, seu novo programa na Globo. Na estreia, o tema discutido foi a “ditadura do politicamente correto”. O apresentador e três convidados procuraram debater o por quê de determinadas expressões e comportamentos incomodarem tanto. Houve espaço, inclusive para uma reinterpretação de cantigas de roda, caso de “Não Atire o Pau no Gato”.
No palco, o jornalista mostrou o que sabe fazer de melhor: questionar. Ótimo jornalista, não se furtou a provocar convidados, especialmente o escritor Antônio Carlos Queiroz. Objetivo, já o tirou da zona de conforto no primeiro depoimento: “Parece que você tá num palanque”. Em outro momento, gracejou sobre uma frase feita disparada pelo colega: “Eu acho que o clichê tem o seu lugar… Comum.” Apesar de estar à frente de um programa de debates, ficou claro que o mediador não deixará de opinar ou tomar partido quando achar que deve.
Entre as discussões propostas, estava a do assédio sexual, que pôs em xeque os valores de quem estava em casa e na plateia. Depois de exibir um vídeo que dava a entender uma situação grave, Bial surpreendeu a todos mostrando que ela acabou em casamento, numa espécie de “pegadinha”. Houve, claro, o outro lado, com uma situação triste, que quase terminou em suicídio. Esta foi ilustrada sob forma dramatizada, com Adriana Lessa atuando. Pouco depois, a protagonista da história surgiu no palco. Cabe questionar: se a personagem aceitar mostrar o rosto por livre e espontânea vontade para falar sobre o assunto, qual a necessidade de investir num docudrama?
Alexandre Pires falou rapidamente sobre a tentativa de processo por racismo que sofreu. Maria Paula opinou sobre esterótipos das brasileiras. Outro convidado, Luiz Felipe Pondé pouco disse. Bial foi às ruas para falar sobre expressões politicamente (in)corretas. O VT foi tão ligeiro que pouco de debateu, apesar de sua firme palavra no discurso final – bem mais objetivo e eficiente que os proferidos nos dias de eliminação do “BBB”. A impressão que dá é que o “Na Moral” precisa de mais tempo de duração para esmiuçar o que se propõe a discutir. Na tentativa de prender o espectador – e não entendiá-lo estendendo demais os debates -, o programa mostrou ritmo acelerado. Um pouquinho mais de calma iria bem. Mas não se pode negar: a atração tem futuro e deve ser considerada como uma opção interessante para as noites de quinta.

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