segunda-feira, 16 de julho de 2012

A GRANDE FAMILIA: virou uma serie sem graça


Não foi só “Tapas & beijos” que sofreu mudanças radicais e mutiladoras na temporada que estreou este ano. “A grande família”, no ar desde 2001, entrou 2012 com alterações na sua essência. Além de empobrecedoras, elas não funcionaram para trazer um novo fôlego à história — como parece ter sido a intenção dos roteiristas. Pelo contrário. Serviram para corromper uma espinha dorsal que carregava até aqui com êxito os enredos da série. A história mudou, mas, pior ainda, feriram a estrutura dos personagens.
Na atual temporada, Lineu (Marco Nanini) acordou de um coma que durou quatro anos. Aqui vale um parênteses para lembrar que, em 1999, o mesmo Nanini participou da novela “Andando nas nuvens”. O que ele fazia? Um personagem que despertava de um coma. A coincidência em si já provoca no público assíduo de televisão uma sensação de déjà-vu. É a pior das reações se a intenção em “A grande família” foi renovar.
Tudo está diferente. Nenê (Marieta Severo), que era a expressão da dona de casa suburbana, a doce agregadora da família, arrumou uma amiga e conselheira periguete, Kely (Katiuscia Canoro). Agostinho (Pedro Cardoso) prosperou; sua mulher, Bebel (Guta Stresser), se transformou numa perua sem nunca antes na série ter mostrado esse tipo de aspiração; eles têm um filho pré-adolescente, Florianinho (Vinícius Moreno); Tuco, o simpático preguiçoso, agora é estrela de um humorístico. Só Paulão (Evandro Mesquita) não mudou muito.
Além de Katiuscia, o excelente Luis Miranda integra o elenco ampliado. Mas com tantos excelentes atores em cena, a pergunta fica inevitável: por que mesmo reforçaram o time original? As questões morais antes sempre em jogo no enredo — que tinha como grande trunfo driblar os desfechos moralizantes bobinhos e comover — deram lugar a tramas mais pobres, banais. Uma pena.

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